Estudantes ocupam as ruas de Florianópolis contra a tarifa do ônibus e convocam grande manifestação para esta quinta, 13.
Várias entidades estudantis estavam presentes, de grêmios estudantis, Centros Acadêmicos à União Catarinense dos Estudantes (UCE). Desta reunião foi marcada a mobilização para o dia seguinte, 7 de maio, data em que o prefeito Dário Berger (PMDB), assinaria o aumento da tarifa para R$ 3,12. "Lógico que o estudante não é burro, ele sabe contar, que se o aumento chega a R$ 3,12 o valor na prática é de R$ 3,15" afirma Vander Rodermel, presidente da UCE.
Leia o relato sobre os tensos momentos até a primeira mobilização ser realizada:
Como foi a mobilização
A mobilização embora tenha sido em cima da hora, reuniu aproximadamente 450 estudantes na sexta-feira, dia 7. Todas as pessoas que passavam em frente ao Ticen, terminal de ônibus do centro, ficaram indignadas com o aumento abusivo que, aliás, pegou muita gente desprevenida. A campanha expressa no material na sexta-feira foi com o tema: "Ônibus mais de 3 reais!". "A saída do prefeito, numa tentativa frustrada de desacreditar o movimento, foi de aumentar a tarifa para R$ 2,95, mas a população não caiu na mentira desse prefeito" declarou uma manifestante do Norte da Ilha presente no ato.
No final de semana, depois de mais algumas reuniões foi definida a programação para os dias seguintes e, como acordado entre estudantes universitários e secundaristas, na segunda-feira todos deveriam mobilizar mais pessoas pro ato às 17h. Muitos debates nas escolas na hora do recreio, passagens em salas de aula, nas escolas e universidades, no comércio e panfletagem nos terminais convidando a população para a manifestação. O trabalho coletivo e os sacrifícios individuais de muitos estudantes para abastecer os grêmios com material nas escolas fizeram a diferença. Resultado: no horário marcado um grupo de duzentos estudantes estavam ali em frente ao Ticen cantando palavras de ordem e aguardando que mais estudantes, trabalhadores e trabalhadores aderissem ao movimento. Às 17h20min chegaram estudantes de todos os cantos da ilha e a população engrossando o movimento. Às 18h já passavam de 600 estudantes.
Nesse momento a Tropa de Choque da PM já estava no local, com capuzes, capacetes, cassetetes, pistolas de choque, lança granadas de efeito moral e de gás lacrimejante. Este foi o recado do prefeito da capital de Santa Catarina mandou aos estudantes: "Eu não converso com o povo" era o que podia se ler com todo aquele policiamento.
Atividades com música, teatro e palhaços eram as armas dos estudantes, e muita disposição nas palavras de ordem: "Polícia é pra ladrão! Pra estudante não" e "Vem, vem, vem pra luta vem contra o aumento!" eram algumas delas.
Os estudantes depois de fazerem intervenções frente ao Ticen, foram caminhando até o gabinete do Prefeito, que lógico não estava, mas os estudantes ocuparam o hall de entrada da Prefeitura com muita música e descontração, mas durou pouco até a Tropa de Choque expulsar os estudantes.
“Não só os estudantes dizem não a Dário Berger e a essa tarifa, mas toda a população de Florianópolis que usa o transporte de má qualidade. Viemos aqui no gabinete dele, e onde ele está? Por que ele não aparece pra dar esclarecimentos sobre esse aumento abusivo sem consultar a população?", bradou no megafone durante a manifestação o presidente da UCE, Vander Rodermel.
Depois da repressão policial, os manifestantes caminharam até a Câmara dos Vereadores, onde há uma lei aprovada em 2006 que concede o passe livre, mas que não foi posta em prática ainda. De lá, retornaram ao Ticen e finalizaram o ato com uma grande assembléia.
"Hoje o povo de Florianópolis viu uma grande manifestação e muita gente participou e deu seu apoio. Vamos mostrar que essa ilha não tem dono, porque ela é do povo de Florianópolis. Não vamos abaixar a cabeça pra meia-dúzia de empresários que visam apenas o nosso dinheiro. Por isso, não podemos deixar de convidar muita mais gente pro nosso grande ato na 5ª feira, pois é nesse dia que vamos mostrar a vontade do povo dessa cidade" declarou Diógenes Breda do DCE da UFSC em seu discurso.
"Foi um grande ato, em que os estudantes e a população tiveram papel fundamental nessa luta. Em mostrar que aqui não vão fazer como bem querem, e que vão ter sim que escutar a nossa voz. Na quinta-feira esperamos mobilizar muita gente, bem mais do que até agora. Se você é estudante, trabalhador, trabalhadora, que encara como abusiva essa tarifa, venha com a gente no dia 13 de maio. Nenhuma conquista do povo brasileiro se deu de braços cruzados, sempre houve mobilização e organização. Mas, acima de tudo, o desejo de mudar, e é isso que temos a oportunidade de fazer. Mudar a realidade de Floripa, pois o que rege a nossa cidade são as negociatas e o dinheiro, e pouco importa a vontade do povo! Isso precisa ter fim. E vamos acabar com isso juntos, na 5ª feira, às 17h no Ticen. Essa luta não é apenas dos estudantes, mas de todos. Venha pra luta você também”, convocou Rodermel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário